terça-feira, 17 de junho de 2008

Quem Nos Vê?

Conta-se que, certa vez, um agricultor cujos campos não produziam, optou por roubar trigo dos seus vizinhos.



Imaginou que se retirasse um pouco de trigo de cada campo, ninguém haveria de perceber. E ele teria com que se alimentar e à família.



Quando a noite chegou, tomou da filha, uma menina de 10 anos e foi ao campo de trigo do vizinho mais próximo.



Filha, – ele sussurrou – você fica de guarda. Se enxergar alguém, me avise logo.



Mal iniciara a colheita, ouviu a garota gritar:



Papai, alguém está vendo você!



Assustado, ele olhou ao redor. Não viu ninguém. Amarrou rapidamente o trigo que recolhera e foi para o segundo campo.



Logo a criança tornou a gritar:



Papai, alguém está vendo você!



Ele parou. Não havia ninguém à vista. Amarrou o trigo roubado e rumou para o terceiro campo.



De imediato, a menina gritou:



Papai, alguém está vendo você!



Irritado, ele foi para junto da filha e falou:



Por que você fica dizendo que alguém está me vendo? Não há ninguém por perto. Ninguém nos vê.



Num murmúrio, como se temesse ser ouvida por mais alguém, a menina disse:



Há sim, papai. Deus está vendo o que você faz. Ele tudo vê. Não importa seja noite escura, sem lua. Não importa que você faça escondido. Ele vê.



Quantas vezes, em nossas vidas, temos agido como o agricultor da história?



Realizamos ações às ocultas dos olhares humanos e imaginamos que ninguém jamais saberá o que fizemos.



Assim urdimos a calúnia, enganamos o próximo, armamos intrigas.



E que dizer dos crimes contra a vida, cometidos em salas fechadas, em noites escuras? Aborto, eutanásia, violências no lar.



Ainda somos daqueles que imaginamos que o mal não tem importância, desde que ninguém saiba que o cometemos.



No entanto, embora possamos passar impunes pelas leis dos homens, que não nos descobrirão os feitos covardes, a Divina Justiça tudo vê e anota.



Um dia, de consciência desperta, haveremos de responder perante a Lei Maior por tudo o que de errado fizemos.



E a justiça da Lei determina que seja dado a cada um conforme as próprias obras.



A chaga que abrimos na alma de alguém pode lhe ser luz e renovação. Mas para nós, os causadores da dor, será sempre chaga de aflição a nos pesar na vida.



A injúria que lançamos aos semelhantes é chibata mental que nos chicoteia.



Porque cada consciência vive dentro dos seus próprios reflexos, evitemos o mal, mesmo porque todo o mal que fizermos aos outros é mal para nós mesmos.



A fé raciocinada nos revela que nenhuma ação passa despercebida, que nada é desconsiderado na contabilidade divina.



Se acreditarmos nisso, com certeza agiremos melhor, para nossa própria felicidade.