quarta-feira, 4 de junho de 2008

O AUTO-CONHECIMENTO

Então, um homem se dirigiu a ele:

Fala-nos do conhecimento de si.

E ele respondeu:

Os vossos corações conhecem, no silêncio,
os segredos dos dias e das noites.
Mas os vossos ouvidos têm sede de ouvir, no final, o eco do saber dos vossos corações.

Gostaríeis de saber pelo verbo
o que sempre soubestes pelo pensamento.

Gostaríeis de sentir com os dedos
o corpo nu dos vossos sonhos.
E está certo que assim o queirais.

A fonte oculta da vossa alma deve necessariamente jorrar e correr, murmurando, até o mar; e o tesouro das vossas profundezas infinitas deve revelar-se aos vossos olhos.

Mas que não haja balança
que pese o vosso tesouro desconhecido;
e não procureis explorar os abismos do vosso saber com a vara ou com a sonda,
pois o eu é um mar sem limites e sem medida.

Não digais:
«Encontrei a verdade»,
Mas antes:
«Encontrei uma verdade.»
Não digais:
«Encontrei o caminho da alma.»
Mas antes:
«Cruzei-me com a alma no meu percurso.»

Pois a alma caminha por todas as vias.


A alma não anda sobre uma linha nem se alonga como uma vara.

A alma abre-se a si mesma, como se abre um lótus de incontáveis pétalas