quinta-feira, 19 de junho de 2008

Nudez da Mudez!

Ocorre agora o despertar.
Te ouço em cada átomo de meu corpo,
Como se fora eu mesma.
Como se a voz sussurrada ao longe
Fosse a minha.

Vozes que evocam lembranças!
Recordar.
Como é bom reviver
A saudade de algo enternecedor!

Te quis tanto!
Quis?!
Quisera que assim fosse...
Amei e amo e nunca supus!
Jamais suspeitei este amor
Que hoje me mantém
- Neste inferno -
Do qual não quero sair!

Tu não sois um mito.
Não uma ilusão.
Sei que existes...
Mas aonde ?!

Sinto tua presença
Mas não recordo teu semblante!
Há tantos séculos vago
Nesta busca incessante!
Porque não me é permitido
Contemplar-te uma vez mais?

Te evoco, Lembrança!
Te chamo, Espirito!
Vem!
Preciso de ti para
Resgatarmos nossos erros!

Vem!
Quero embalar-te,
Envolver-te docemente,
Com suavidade,
E perder-me no infinito que somos!

Mas - o que posso esperar?
Se giro -
( pobre grão de areia que sou! )
Eternamente em tua órbita!

Não posso culpar ninguém
Como causador de meu sofrimento,
Quis o efeito da causa
Que pagarei!

Hoje,
Apenas o silêncio tumular se faz presente!
Nem uma asa.
Nem um inseto.
Nem um tremular de brisa.
Nem um farfalhar de folhas.
Nem um ai!
Apenas a nudez da mudez!
A angústia do vazio!

E a arte é minha.
Assino embaixo dessa obra.
Reduzi o tudo ao nada!
Fui poupada
Para viver-te ó dor!