sábado, 6 de outubro de 2007

O Livro sobre Nada

Com pedaços de mim eu monto um ser atônito.

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Tudo que não invento é falso.
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Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
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Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
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É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.
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Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas se não desejo contar nada, faço poesia.
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Melhor jeito que achei para me conhecer foi fazendo o contrário.
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A inércia é o meu ato principal.
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Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
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O artista é um erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.
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A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.
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Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
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Por pudor sou impuro.
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Não preciso do fim para chegar.
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De tudo haveria de ficar para nós um sentimento longínquo de coisa esquecida na terra — Como um lápis numa península.
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Do lugar onde estou já fui embora.