sexta-feira, 19 de outubro de 2007

NÃO DEIXO !

Não deixo morrer a criança que existe em mim.
Esta que por todo dia em minha alma deita!
Depois a solto nas ruas largas da minha cidade,
a caminhar pelas calçadas estreitas...

É ela quem sorri matuta,
Com os lábios lambuzados de mamão...
É ela que ainda perde tempo,
a pescar no ribeirão!

Não deixo morrer ! Não deixo .
Enquanto os circos existirem pela terra,
Ainda que escondido eu vá,
Que nunca acabassem, pudera!

É ela quem come pipoca!
Ainda pula a fogueira de São João...
Por vezes constrói sonhos com os filhos,
nos brinquedos esparramados pelo chão!

Não deixo morrer ! Não deixo.
Enquanto as pipas estiverem pelos céus,
É este menino que mora em mim,
que hoje é papai Noel!

Ontem, era ele quem esperava o bom velhinho...
Hoje é ele quem se veste a rigor!
Nas noites natalinas sai de mansinho,
a beijar o netinho com amor...

Não deixo morrer! Não deixo.
Enquanto nas ruas existirem os cãezinhos
abandonados,
Ainda sou dos que adoram bichinhos .
Queria a todos ter juntado!

É esta criança que mora em mim
e aparece em minhas horas vadias,
A jogar bola pela rua e que venha a chuva,
Levando o pó do quente dia !

Minha criança que adora sorvete!
Pistache de preferência...
É quando se vê mais fácil,
de mim, alguma inocência !

Gargalho com traquinagens
Dos filhos felizes a brincar!
Fico com olhos de tristeza,
quando se esquecem de me chamar...

Confesso: gosto de miniaturas!
Uma forma de disfarçar
Os carrinhos que tive, um dia,
no quintal do doce lar !

Não esparramem:
Adoro "Tom e Jerry"!
Tenho, às vezes, dó do gatinho vilão...
Mas, se for ele comer o ratinho,
machucaria meu coração!

Não deixo morrer! Não deixo.
Ainda quando a mim pega chorando,
Alonga minhas horas de alegria,
quando o homem se deixa descansando!