sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A máscara

Em todas as minhas manhãs,


acordo a máscara primeiro.


Sem ela, agrido meu companheiro,


seja ele quem for.


Uso a máscara com consciência,


com espanto, com tanta dor!

Mas a máscara que uso não consegue


encobrir o brilho dos meus olhos.


Ainda ontem, quando vi o caroço do abacate


brotar...


a boca da máscara consentiu


que a minha boca, quase a sussurrar:


Pai amado,


quanta grandeza!


E a máscara que uso por um instante,


desfeita,


banhada de sol,


transformou-se,


e a face que, há muito tempo, eu não via,


a minha face sorria.


É que o brilho dos meus olhos


a máscara que uso, encobria!