quarta-feira, 10 de outubro de 2007

LÁGRIMAS DE PAZ

Tu me pedes um poema sobre a paz...
Arbitrária, a consciência me intima;
Tu só queres poesia, nada mais,
Faço um verso solitário...falta a rima...

Minha dor inevitável me vitima
O que quer o meu silêncio ? Poesia ?
A tristeza me maltrata e desanima,
Mas o tema paz me acorda e desafia.

Não há paz que não decorra de uma guerra,
Não há guerra que acabe sem deixar
Sobre a relva que resiste sobre a terra
Uma lágrima que brota de um olhar.

Todos querem uma paz que não existe,
Pois enquanto houver alguém chorando um morto,
Haverá um coração vazio e triste
E o navio do amor deixando um porto.

E enquanto houver alguém passando fome
Solitário, sem nem ter onde morar,
Sem família, sem destino e sem nome
Mas... que paz nós haveremos de cantar ?

Sou poeta, faço versos, sei compor.
Mas enquanto a poesia se enfeita,
Toda a paz que existe em meu interior
Se dissolve numa lágrima...
perfeita.