terça-feira, 9 de outubro de 2007

HISTÓRIA DE AMOR

Era o nosso velho sobrado,
Com paredes caiadas,
Agora, amareladas pelo rigor do tempo,
Riscadas com frases de um jovem apaixonado,
Aqui acolá, um coração,
Com uma lança, desenhado.

O Casarão fica na pracinha do coreto
Onde nas noites de quinta-feira uma orquestra
Executava músicas do passado...

Ouvia-se Bach e Chopin,
Desfilava grupos de meninas-moças sensuais
Com seus lábios tingidos e mais,
no cabelo, via-se de cada lado, um lacinho de fita,
elas iam em busca de um paquera,
Um "príncipe encantado".

Dentre elas estava aquela dos meus sonhos
E eu, lá, todo arrrumado, ai quem de dera,
Que ela olhasse pra mim,
Eu pensava, assim,
Olhando pra ela...

Ouvia-se de uma "amplificadora", ao lado,
Abismo de Estrelas, de Dilermando Reis,
A executar, um harmonioso e triste violão,
Aquilo mexia e enternecia o meu coração,
Deixava-me enlevado cheio de paixão
Por aquela, dos meus sonhos...

Sempre era um momento esperado,
O rever aquela dos meus sonhos,
pulsava nervoso
O meu coração apaixonado.

Encontravam-se os nossos olhares e, ruborizados,
Trocávamos sorrisos, eu sentia acelerar-se
Meu coração, o mesmo, com certeza
Acontecia com ela...

Um dia mandei para ela uma flor,
Tirado de um pé de margarida,
Como toda margarida, era branca a sua cor,
Ela olhou, um lágrima deslizou pelo seu rosto
Sem se sentir como se estivesse distraída,
Correu e me abraçou... Alí se iniciou
Uma longa história de amor.