DERRIÉRE
Queria um poema bunda
com classe
Sim gostaria que a palavra
não fosse vista
como um simples objeto
Bunda é bunda
Poderia ter nascido pêra
No entanto é bunda
Por que tamanha admiração?
Para que tanta exaltação?
Sem avacalhação
Existem tranças nos cabelos
Pescoço, ombros... curvas
Pêlos na púbis,
Coxas torneadas, joelhos...
Por que não escrever sobre o traseiro*?
Quero um poema com bunda
Bem assentado
Redondíssimo invulgar
Um poema e suas adiposidades
Com ou sem celulite
Sem arficialismo
(Com um quê de mistério)
Acho estranho gente que se auto-elogia
É um grande atestado
Da mentalidade característica: bunda-mole
Porque do que é bonito, ninguém foge
o reconhecimento nasce automático
por ser diferente
o escultural todo mundo quer ver!
Apollo Belvedere deve ter uma bela bunda
(Escondida... es_cultural)
Nem todos vêem
o que tem detrás dos acessórios e da capa
Por outro lado quem tem prazer em olhar nos olhos
Não precisa apreciar tanto uma bunda
Não precisa procurar nenhum olho da bunda
Por que...? Por que tantos olham para as bundas?
O que as bundas têm de mágico???
O considerável “belo”
Precisa sempre ter a bunda... no meio?
Não é a bunda que está no meio do caminho
O que está no meio é sempre o próprio umbigo.
(Cada qual se balança como pode!)
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