sábado, 13 de outubro de 2007

delirar...

Perguntei ao tempo a razão de um falar de amor tão intenso,
como o que hoje faz parte de forma geral de um equivocado senso,
e ele apenas com um leve sopro me tocou...

Indaguei da brisa se quando ela em canto desliza
percebe que enquanto uma ferida cicatriza,
outras tantas se abrem,
ela, etérea sóbria e sábia, continuou contida em seu murmúrio/sibilo
e fez o que todos fazem,
continuou seu caminho, leve, aromática, acentuando-se em brilho...

Indaguei dos senhores das pedras, que cuidam das vertentes d'água pura,
e eles com suavidade candura,
preferiram abluir meu corpo, matar minha sede...
e me colocaram a adormecer, abarcando-me em imensa rede.

Caminho além, fui indagando do sol, da lua, da noite, do dia,
enfim, de tudo que se insinua e se veste amor,
o porquê de se falar tão facilmente, sobre o que não se vive
e nenhuma resposta tive,
que não fossem propostas subjetivas de um deixa rolar, deixa correr...

Meu coração agora, mais tranqüilo por saber que muito do que se diz
não incorpora-se ao fazer-se,
ficou um pouco mais feliz...

Mas mesmo assim minha alma inda vacila, em alguns instantes...
Minha certeza faz-se não crédula quando o ditame constante
que faz alusão ao fato/ato, de achar-se amar-se,
logo após percebe que o amor que ora se concebe
e pelo qual se briga, grita, faz-se transformar-se...

Talvez seja o amor contido nos idos tempos em que a história
por falta de fatos verídicos,
vestiu-se de rompantes líticos
e começou a delirar...