sábado, 13 de outubro de 2007

crianças negras...

Eu quando vôo, permito-me saber do que está aquém do tôpo...
faço-me além de solto, algo que data venia, mantém-se como se vivesse o outro...
Por que viver o outro?
Essa pergunta faz com que minha mente viaje, e de certo modo fujo.
Por que será que eu não consigo ver-me em outros espelhos?
Talvez no vermelho que se reflete em minha face com o realce
de quem quer se esconder,
eu não consiga sequer conceber que nós, seres ditos humanos,
não conseguimos passar do Primeiro Mandamento,
e nos afirmamos Cristãos... "puros" de pensamento, perdão e coração...

Muto difícil apagar de nossos pensares, muitas nódoas.
Quase impossível enganar através de sorrisos.
Mais ignóbil ainda, fazer-nos sinceros e incisos,
quando iguais, por dentro, não nos sentimos...

Alguns talvez possam estar a me chamar
poeta das remembranças e amarguras...
Não me importo, eu não vendo minhas poesias,
eu as faço, pois que as acho puras...

Mas por que esse tom gélido?
Justo hoje no dia que se revela das crianças?

É que por mais que o tempo passe
eu trago bem marcadas as faces,
que ano a ano repetem-se nos lares adotivos.

E por incrível que pareça,
antes que me esqueça
uma verdade me dói e incomoda:
a maioria das crianças que ficam,
são NEGRAS...