quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Carta ao autor desconhecido

Hoje acordei com vontade de conversar com os deuses romanos porque eles são
tão mortais quanto eu e nem Cristo os menosprezava, por isso decidi abrir
minha torneirinha de asneiras; daqui saíram algumas gotas do nada sei.



Em primeiro lugar, não sei quem resolveu inventar que os burros não prestam
prá nada, um humilde prestador de serviços... serve? Quem suporta carregar
longas cargas é um servi_dor de boa vontade. Ai que raiva!!! Oxalá as
mercadorias contenham o peso do açúcar ao cruzar o rio e se dissolvam, com a
leveza da palha que flutua e a ciência de que castiçais de ouro tendem a
afundar e a enferrujar abandonados com o tempo no meio d'água até que alguém
esperto possa fazer algum uso destes.



Não desprezo os valores bíblicos, porém o dicionário é o "pai dos burros" e
pode ser para alguns bem mais apetitoso em determinadas ocasiões. Por lá
existem palavras soltas...! Estas são verdadeiras fontes de inspiração.



Hoje olhei para o desprezo, o ato de des-prezar nos coloca acima do receio
do perigo,

O perigo está em só se olhar para o mal como mal ou olhar para o bem como se
fosse um veículo de eterna paz. Aiii que angústia?



Experimente sentir desprezo pela mentira e não pelo mentiroso, desvalorize o
substantivo sendo um propagandista ou consumidor de ideais de ponta.



O desprezo SERVE para não prezar o que?

Há pessoas que dizem que preferem a indiferença em relação ao que incomoda,
você somente usa a indiferença para o que ignora. A indiferença, não é tão
apática quanto muitos pensam... é preguiçosa, ela foge da raiz do problema
ao se desinteressar em face de alguma coisa abre e desenrola um tapete
vermelho para a Rainha Inconsciência desfilar.



O indiferente, o que faz? Não apresenta opinião porque não têm motivos para
preferir algo. Aiii que medo: Entre um perfume ou outro novo é indiferente;
entre aquela comida ao preferir a trivial é a indiferença preguiçosa que lhe
satisfaz?! "Indiferente" talvez por não conseguir preparar o prato de forma
adequada.

Indiferente por se achar talvez mais protegido de uma determinada situação a
qual ainda não sabe lidar... Entre uma cor e o outra está o indiferente.



O fanatismo é indiferente? O preconceito é indiferente? O que está acima do
bem e do mal é indiferente? A falta de respostas é impulso para a
indiferença?



Tsc, tsc o indiferente, pode fazer questão de mostrar que tem
insensibilidade política, religiosa ou sobre qualquer acontecimento o qual
tem incapacidade de formular uma determinada opinião, mas está sempre em
posição do sobreaviso. O indiferente no fundo é sempre um excelente crítico
pois somente aplica a indiferença para algo que pode lhe ocasionar algum
transtorno.



Entre o dó, a indiferença e a raiva a mais forte de todas elas é a pena. A
mais forte no sentido do ser se tornar resistente. Ser indiferente implica
em "deletar da memória" algo ou alguma "coisa", a coisa que perturba é
jogada num quarto escuro para mofar, por não se encontrar mais aparente
utilidade ou valor para a "coisa" Percebe como tudo envolve o brincar!?
Entre o gato e o rato sempre há o buraco na parede onde está o jogo de
esconde-esconde para crianças: - Vinde a mim... vinde a mim...!!!



Como havia dito anteriormente, a aplicação da indiferença é igual ao não
querer ter conhecimento de alguma coisa; na verdade o movimento da
indiferença contra algo conhecido provoca a liberação de uma energia
consciente. Você pode ser indiferente a algo que deseja não ter contato
nunca mais, mas sempre estará rodeado do nunca mais, na Terra do Nunca ...e
tudo que não se quer nestas horas é ter envolvimento com aspectos avaliados
como chatos. Chato é aquele quarto repleto de LUZ que é bem capaz de
incomodar a cegueira. Quando alguém se faz de indiferente para com o outro
fatalmente encontrará uma nova pedra no meio do caminho, há pessoas que
adoram colocar pedras nos assuntos... mal trabalhados, há pessoas que sentem
medo do ódio... há pessoas que odeiam demais e há pessoas que encaram a
visão da pedra sendo que até quem está na escuridão sente o toque das
pedras.



Passar por cima de pedras, doe.



Sim, a acomodação fugirá do terreno pedregoso, na procura dos desvios, não é
lógico fazer o enterro de pedras porque este movimento denota novamente o
desgaste de energia. Cães enterram ossos não cavam buracos para guardar
pedras, neste caso cães são exímios conservadores, preservam o cálcio pois
algum dia poderá faltar.



Eis uma nova pedra no sapato a incomodar. O que fazer com a raiva de cão
quando esta vem a tona? Tem gente que gostaria de ser O Santo Cristo, mas se
perde no meio do caminho porque o caminho percorrido por uma pessoa sempre
será o daquela pessoa. Daí a raiva vem a tona, já que não posso ser como
Nietzsche, Salvador Dali, Bach... vou desprezá-los com a irmã Mágoa (de si
mesmo) dando mãos a madona Raiva construindo o desprezo.



Se desprezar está para o não prezar... prezar tem a ver com o sentimento de
alta consideração, o não prezar envolve a falta de que? A ausência do
respeito.



Quem utiliza muito o desprezo em seu vocabulário interno, não tem estima ou
consideração por alguém ou alguma coisa?



Sem dó nem piedade: não tem grande valor por si próprio.



Dos males o menor: A pena.

O sinto pena de você, em todos os casos dói muito mais do que: - Sinto raiva
de você, eu te odeio. Vou desprezá-lo... serei indiferente.



Pense no ser mais desprezível...