segunda-feira, 29 de outubro de 2007

CAMINHO DE PEDRAS

Quando tu me traíste
um manto escuro
cobriu o estrelado céu da noite
e o açoite deste vento
pelas ruas,
nas esquinas e estradas vicinais,
só consegue imitar
o meu gemido,
os meus suspiros,
minhas dores eternais...

Tento soltar a minha voz,
mas não consigo
e eu persigo
uma forma de dizer
o quanto dói, amado meu,
a tua ausência
e a demência
dessa minha solidão.

A travessia é tão ingrata,
tão difícil!
É um suplício prosseguir
sem tua mão,
Sem teus poemas, colorindo
a minha vida...
uma ferida
se abriu no coração.

Eu não queria, meu poeta,
que esse pranto
e esse quebranto
que me afoga o peito
e queima
o interior como uma chama
colossal,
fossem agora companheiros
de destino,
pois meu "menino"
resolveu mudar de rumo
e perco o prumo
nas encostas da existência...

O meu caminho é pedregoso...
e a inocência
foi-se no rastro
das tormentas das paixões...

E é tão difícil atravessar
tantos dezembros
sem a chuva serôdia
que alimente
dos meus sonhares
essas secas plantações.

É desatino o que eu colho
dos canteiros.
É nostalgia a primavera
já passada
e o outono se instalou
nas sensações...

A poesia se perdeu
no meu caminho...
Tu conseguiste sufocar
o meu carinho
e a loucura
se mudou pros meus
porões
.