segunda-feira, 1 de outubro de 2007

ACASO DA CASA

O poeta já se arvora

intrometido engenheiro

mercador ilusionista

desse sonho construtor.



Mormente quando o pedido

vem vindo na doce fala

de quem se impôs pela vida

viver de tanta paixão.



A casa que te prometo

existe pelo desejo

no sol de muitas palavras

raro calor no aconchego.



Se por acaso faltar

o veludo do meu verbo

o silêncio falará

pela ternura dos olhos.



Eis aí o pentecostes

no fogo de todo amante

a língua de tantas línguas

lambendo Babel na pele.



A casa só têm entradas

com subidas e descidas

num rapel de sedução

alpinismo sem cobranças.



Não devemos nada à casa

nem a nós nossos haveres

e no entanto há tanto crédito

por conta de dois quereres



A troca nos afazeres

se dará sem muito acordo

já me vejo jardineiro

de macias samambaias.



Essas que brotam em tufos

em redor do lago tépido

esse oásis de segredos

perfumado em doce tâmara.



o tempo será regido

sem os muros demarcando

nossa floresta nativa

de samaúmas e orquídeas.



Com a claridade do ócio

dois corpos entrelaçados

mirando um caminho longo

nos cantos da casa a dois.



12 trabalhos de mouro

nesse abrigo em construção

mil pecados como esteio

que é da humana condição