ACASO DA CASA
O poeta já se arvora
intrometido engenheiro
mercador ilusionista
desse sonho construtor.
Mormente quando o pedido
vem vindo na doce fala
de quem se impôs pela vida
viver de tanta paixão.
A casa que te prometo
existe pelo desejo
no sol de muitas palavras
raro calor no aconchego.
Se por acaso faltar
o veludo do meu verbo
o silêncio falará
pela ternura dos olhos.
Eis aí o pentecostes
no fogo de todo amante
a língua de tantas línguas
lambendo Babel na pele.
A casa só têm entradas
com subidas e descidas
num rapel de sedução
alpinismo sem cobranças.
Não devemos nada à casa
nem a nós nossos haveres
e no entanto há tanto crédito
por conta de dois quereres
A troca nos afazeres
se dará sem muito acordo
já me vejo jardineiro
de macias samambaias.
Essas que brotam em tufos
em redor do lago tépido
esse oásis de segredos
perfumado em doce tâmara.
o tempo será regido
sem os muros demarcando
nossa floresta nativa
de samaúmas e orquídeas.
Com a claridade do ócio
dois corpos entrelaçados
mirando um caminho longo
nos cantos da casa a dois.
12 trabalhos de mouro
nesse abrigo em construção
mil pecados como esteio
que é da humana condição
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