terça-feira, 15 de maio de 2007

Soneto LIV

Chega! Chega!...
quantas vezes ainda direi?
Muitas eu preciso, para me convencer.
Perdi nas brumas do amor, as tábuas da lei!
Diz sim o coração... como, a alma entender?
Vai-te daqui!... com tanta dor te supliquei,
esmurrava-me a própria vontade: ter-te!
Viver os sonhos, que sorrindo cultiveina ânsia incontida,
de um dia ver-te...
Mas como me contentar com tão pouco
se meu amor é devasso, possesso, louco
sonhou-te grande, a dizer-me: poesia-me!
E agora vens, tu, mero mortal,
me perguntarse nessa vida, envergonho-me de amar?
Não!... (digo-te) envergonho-me de morrer!