quarta-feira, 16 de maio de 2007

Pedras-de-mão

Uma vela queima solitária neste humilde quintal,
e um mistral decanta orquestrando as incertezas,
um mosaico sem vida deforma o reflexo na mesa,
transformando a face em um vil espectro abismal.


Maldito é, oh rosto! Ele que neste frio olhar desfolha
meu láudano adormecido no sombrio e retido soluço
que ninguém escutou... e na própria mão eu debruço
o cansaço da manhã, a fadiga da tarde e a de agora!


É meia-noite, as pedras-de-mão sorriem da negridão,
que sorri para a vela zombeteira, e sorrindo ao vento,
traz naquela melodia incerta a dor julgando o intento
do pedido que fiz a ele. Só, eu ouço o canto dum não!


Reforço doravante o simulacro deste inseguro pódio,
enquanto à luz e o beija-flor, beija outra fera doente,
então, enjaulo tal sangue na velha capela inclemente,
musicando os refrãos reprimidos à ladainha do ódio