sexta-feira, 18 de maio de 2007

O ESPANTALHO

Era apenas um feio boneco de espantos
maltrapilho, vestindo seu tão oco peito
qual o vazio que assolava o próprio meio
sem sentimentos! Enfadado em triste canto...



Não rimava nenhum verso de amor nas auroras
pois os seus olhos fechavam ante o brilho do sol
que elevando detrás dos montes a todo arrebol
queimava sua face no suor de fel sem demora.



Pobre fantasma, assombrar aquela seara pensara,
e a extrema sabedoria do seu vão e pobre santuário
ao elo da cerejeira e da rosa sequer se achegara!



De braços abertos, vivia noites e dias de frio e calor
beijava os corvos amigos assim não era tão solitário...
Só um trapo... jamais conhecerá a força do amor!