quarta-feira, 16 de maio de 2007

MÃE ADOTIVA

A mente repassa os acontecimentos felizes da nossa vida e envolvo em ternura a memória da nossa convivência.
Esta mulher extraordinária, de que me recordo, fez tudo quanto o amor poderia lograr, a fim de amparar-me, ocultando a minha procedência obscura e anônima.
Cercou-me de carinho e protegeu-me, para que nada me afetasse.
Insuflou-me a força do seu devotamento, que era o hálito poderoso de seu amor, em emoção carregada de bênçãos no verbete sublime que é: mamãe!
Jamais deixou-me perceber as lágrimas que vertera antes de eu chegar e sempre me demonstrou a felicidade que a minha presença lhe causava.
No entanto, na sua inocência, pensava que todas as pessoas seriam benignas e gentis quanto ela sempre o foi.
Assim, não demorou muito para que, em plena adolescência, o seu segredo me fosse desvelado de maneira cruel, por meio de um coração leviano que, pensando que nos iria destruir, chamou-me de filha de ninguém.
Abalada, quase tombei ante o golpe insano. Todavia, a transparência do seu olhar e a devoção do seu afeto fizeram-se silenciar o acontecimento no imo da alma.
Não me foi fácil, nem tampouco difícil enfrentar a nova circunstância e nessa conjuntura eu descobri, em júbilo, a grandeza do amor de mãe adotiva.
As outras, as mães carnais, às vezes, são compelidas pelo corpo a amar os filhos que geram, mas você e todas as mães de adoção, amam pelo espírito, elegendo que lhes vai receber o devotamento, a dedicação.
... E não se tornam menos mães!
Sofrem mais, certamente.
Quando revelam ao filho as circunstâncias da sua origem, temem magoá-lo e quando não o dizem, vivem sempre temendo perdê-lo, quando forem descobertas.
Seu querer é suava como a claridade lunar e fonte como somente o amor abnegado pode tornar-se.
São anjos anônimos e abençoados na multidão.
Homenageando-a, mãezinha adotiva, desejo dizer a outras que lhe são iguais que, desde o dia em que pensem em receber um filho que lhes não proceda do seio, considerem também, a necessidade de dizer-lhe, sem receio, demonstrando que o amor é Deus e dEle tudo procede, para Ele retornando, não sendo, pessoa alguma, propriedade de outrem, senão, todos filhos do Seu amor, nutridos pelo Amor, para a glória do Eterno Amor.