sábado, 17 de fevereiro de 2007

Diferenças

Sentado na vaidade do sexo ele contesta,
as diferenças daquilo que lhe fere o ego
obtuso: não sendo gozo, o resto ele detesta,
assentado no medo impotente do olho cego.


É só a solidão que rejeita outras quimeras,
senhor de si, que ri dos ideais e dos motins,
e a felicidade mensal é tudo o que lhe espera,
não vai a nenhum lugar que não venha a mim.


Se ninguém vem mais se não vê menos
e o espelho sempre justo lhe faz pequeno,
com a cabeça dentre as mãos ele implora
à hora e ao relógio parar o tempo obsceno,


em que o espinho comia a rosa de outrora
se ainda ontem resfolegava quanto sereno
quando bebia da juventude o mel veneno;
ora, o senil reflexo abre os olhos e chora.
Sandra Ravanini